A VIZINHA. Sequência 1.
O início
CENA 1 - seq. de montagem:corredor do prédio S Lourenço, na rua Maria Antonia, SP ( arquitetura dos anos 50, com piso de caco de azulejo vermelho, encerado, paredes com textura, pintadas de amarelo claro, lustres redondos antigos). Ap de D Leila, ano 2007.
Uma garota de muletas bate na porta da vizinha para pedir uma xícara de açúcar.
_Oi D Leila! tudo bem com a senhora?
_Oi minha querida, tadinha, com o pé quebrado! Você precisa de alguma coisa bem? Entre, entre, não repare a bagunça.
_Então, D Leila, na verdade eu nem vou entrar não, não quero atrapalhar. Só vim aqui pedir uma xícara de açúcar emprestada. A Sra tem ai?
_Entre aqui, meu bem, me ajude aqui...deixe-me ver...tem sim.
_Ih! Mas a senhora não vai ficar sem? Tem mais aí?
_Tem sim, filha. Nossa, desculpe a bagunça, mas eu não tenho ânimo pra nada mais!!! A vida me levou todo mundo, fiquei sozinha, minha filha, e é dificil ser sozinha... Sabe que hoje mesmo eu....
( o som da conversa diminui, e entra a narradora)
"D Leila é mto sozinha. Deve ter muitas histórias pra contar. Acho melhor ouvir um pouco..."
CORTA PARA
_Fim dos anos 50. O Escritório de uma empresa de seguros. Um executivo dispensa a secretária mais cedo. Poucos minutos depois, chega Tereza. Morena, olhos verdes. Abre a porta e olha de viés para Arnaldo. Close por trás de seus ombros, os olhos de Arnaldo flamejam...
CORTA PARA
_ A Casa de família, fachada branca, com sacada e arcobotante. Cortinas de renda, piso de cimento queimado vermelho. D Leila, ao filho:
_Luiz Augusto, já para o banho!
CORTA PARA (novamente "o escritório")
Arnaldo:
_Como vc demorou, meu amor! Onde estava esse tempo todo... (beijando-a)
_Arnaldo, eu trabalho, meu querido...eu náo tenho quem me sustente...se ao menos vc... (suspiros)
CORTA PARA (novamente "a casa de família")
suspiros continuam. Misturam-se ao barulho da água esquentando no fogão. (suspiros vao sumindo... fica o barulho da água). D Leila tira o avental, pensando...(ele já deveria estar chegando...). Chama por Luiz novamente:
_Luiz, meu filho, vc ainda nao foi tomar banho?
_ Ah! Mãe, o Pedro Luiz também nao foi!!!!
_Vc primeiro...vc é o mais velho, tem que dar o exemplo, meu filho...
CORTA PARA (novamente "o escritório")
(Arnaldo agarra Teresa com força, e começam a tirar a roupa(muitos gemidos, mais fortes)...roupas voando...blackout, com os gemidos revelando o ápice do ato sexual)...alguns instantes depois, os dois, exaustos, no carpete azul do escritório, recuperam suas forças...)
CORTA PARA (novamente "a casa de familia")
Luiz Augusto toma banho. D Leila olha no calendário. Sim, há uma semana que Arnaldo se atrasava. Provavelmente, mais um caso. Senta-se na cadeira de encosto verde, com os olhos perdidos. Até quando sustentaria essa situação...e as crianças? O que faria ela, sozinha, com seus filhos? Para onde iria?
CORTA PARA (novamente "o escritório")
Arnaldo olha o relógio. Nove e meia da noite. Sim... Atrasara-se novamente.
_Teresa, eu nao vou poder levá-la pra casa. Tome um táxi, aqui está o dinheiro...
_Mas Arnaldo, denovo? Quando é que você vai deixar aquela Maria Madalena da sua mulher pra ficar comigo, ein?
_Vá, vá, Teresa, outra hora conversamos. Tenho que ir.
CORTA PARA (novamente "a casa de famïlia")
Quando encosta o Galaxie na calçada, para abrir o portao da garagem, a luz se acende.
(em pensamento, Arnaldo : Deus do céu,...ela realmente nao se cansa em me esperar...e fingir que nada acontece). Da garagem, diz:
_Cheguei meu amor!! Já vou jantar...tive um imprevisto no escritório, querida. Estou subindo.
(D Leila requenta a janta, e pensa na situação. Ate quando irá fingir que nada acontece?)
CORTA PARA (novamente Cena 1 - Ap de d. Leila, ano 2007). D Leila discorre , sem muita sequência, os fatos:
_Entáo minha filha, ele era assim mesmo.Muitas mulheres, flertava, e gostava mesmo era de conquistá-las. Terminava um romance, e nessa epoca, voltava pra casa mais cedo. Conseguia o que queria, logo enjoava... E foi gastando muito dinheiro, era caviar, e salada de camarão, com champagnes caros, restaurantes muito finos...Eram várias, as mulheres. E voltava pra casa. Se logo enjoava. Mas não podia deixar o lar, senão era abandono. Não ficaria com a guarda dos filhos, entende?
(continua)
3 comentários:
Olha, a fofoca corre solta...
Continua com o conto!
1 comentário
Cristiano disse...
Olha, a fofoca corre solta...
Continua com o conto!
Atualiza...
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