quinta-feira, 16 de agosto de 2007

SÉ (da série Monossílabos, nº 2)

Menina de bermuda verde, social, meia preta, fio 40, sapato "boneca", blusa preta, sem mangas , sob a jaqueta de mangas compridas, jeans. Peso 51kgs. Altura 1,60. Cenário: Praça da Sé.
A garota atravessa a praça pra pegar o ônibus, ao lado do Corpo de Bombeiros. No caminho, o sol bate e o esforço físico dá calor. Ela, sem tirar as bolsas dos ombros, tira primeiro uma manga, depois outra da blusa. Sem parar de andar, vai e tira a blusa, dobrando. Á direita, um mendigo, de camisa vermelha. Ele olha e ela percebe, mesmo sem desviar o rosto. Todos os dias lida com os mendigos e os psius da praça. Ele começa:
_Gatinha, psiu, psiu.
(Ela ignora)
_(beijos estalados) gatinha, nossa, como ela sabe ser gatinha)
Sem perder a pose, nem desviar o rosto ela, delicadamente troca a blusa de lado e com a mão direita faz um breve sinal com o dedo "pai de todos" da mão... isso tudo sem parar, sem desviar os olhos...delicada como um elefante, foi o jeito que encontrou de dizer "Idiota, fica na sua, e me deixe ir trabalhar em paz".
O psiu cessou. E ela decidiu utilizar-se deste recurso tão evitado pra lidar com os mendigos.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog